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Cirurgia de Tecidos Moles – Biópsia Excisional Leucoplasia

Identificação 
NRS, Mulher , 82 anos, Caucasiana

 
História Clínica e Anamnese

Atendida em Julho de 2015 na consulta de Cirurgia Oral, encaminhada por
Médico Dentista assistente, devido a lesão branca na mucosa jugal.
Diabética medicada com Insulina e medicada com Perindopril,
Indapamida e Sinvastatina. Nunca Fumou. Dois anos de evolução.

Exame Clínico

Edêntula superior e inferior
portadora de próteses removíveis.
Apresente lesão exofítica branca
hiperqueratótica, isolada,
assintomática, de aspecto verrucosa
na mucosa lábio-jugal direita, com 2
anos de evolução. Sem aderências.
Dimensão aproximada de 0,7 cm.

 

 

Diagnóstico e Plano de tratamento
• Estabelecemos o diagnóstico provisório de leucoplasia não homogénea tipo
verrugosa.
• Como diagnóstico diferencial propomos: Carcinoma espinocelular .
• No caso de fortes suspeitas de carcinoma, optávamos por biópsia incisional. No
entanto, tendo em conta a dimensão da lesão, propusemos a biópsia excisional
com margens de segurança.

Cirurgia realizada em Julho de 2015
Assepsia intra-oral com clorohexidina a 0,12% e anestesia local do tipo infiltrativa com
articaína a 4%, com adrenalina 1:100.000. Tracção da lesão com fio de sutura e incisão
elíptica e dissecção com tesoura de Metzembaum e pinça atraumática. Sutura com fio
reabsorvível VICRYL™ 4-0.

Medicação Pós-Operatória
– Paracetamol 1g 8/8h SOS.
– Bochechos com clorohexidina a 0,12% duas
vezes ao dia, com duração de 1 minuto,
durante 14 dias.
Acompanhamento Pós-operatório
Pós-operatório decorreu sem intercorrências.
Sem dores. Dez dias depois da cirurgia as
suturas foram removidas.

 

Acompanhamento Pós-operatório
O relatório anatomopatológico descreve: Queratose com displasia leve.
Estabelecemos o diagnóstico final de leucoplasia não homogénea tipo
verrugosa.
A paciente foi informada que teria de efectuar controle de 6 em 6 meses, para
verificar eventual recidiva.

Análise Crítica e Conclusão
A leucoplasia oral é a lesão potencialmente maligna mais comum na mucosa
oral. O termo leucoplasia foi primeiramente usado por Schwimmer em 1877 para
descrever uma lesão branca na língua. A OMS, em 1966, descreve a leucoplasia
oral como uma mancha ou placa branca que não pode ser caracterizada clinica
ou patologicamente como outra doença.
Num consenso internacional em 1983, leucoplasia oral passou a definir-se como
mancha ou placa branca que não pode ser caracterizada clinica ou
patologicamente como outra doença e que não está associada com nenhum
agente físico ou químico excepto o uso de tabaco (Neville 2002).
Desta forma, a definição de leucoplasia é eminentemente clínica e o seu
diagnóstico ocorre por exclusão de outras lesões, visto que esta, não apresenta
características histopatológicas específicas.
As leucoplasias classificam-se em dois tipos: homogénea e não-homogénea. O
tipo homogéneo é caracterizado pela presença de lesão predominantemente
branca, de superfície plana, fina, que pode exibir fendas superficiais com aspecto
liso, enrugado, e textura consistente. Já o tipo não-homogéneo é caracterizado
por uma lesão predominantemente branca ou branco-avermelhada, que pode
ter superfície irregular, nodular ou exofítica.
A remoção cirúrgica da lesão com lâmina ou laser (excisão) é o tratamento de
eleição. A terapêutica com retinóides e agentes citotóxicos pode ser uma opção.
A presença de diferentes graus de displasia pode ou não estar presente, em graus
de intensidade variáveis do leve ao severo. Lesões com maior grau de displasia
estão relacionadas a maior potencial de malignização. A presença de displasia
epitelial é usualmente aceite como factor prognóstico importante para a
transformação maligna(Warnakulasuriya 2007 e Waal, Isaäc van der 2014), sendo
que lesões com displasia não evoluem necessariamente para cancro.
No nosso caso clínico e até ao momento não foi verificada recidiva, no entanto,
mantemos a vigilância com consultas de controlo de 6 em 6 meses.

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