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Cirurgia Endodôntica – Cirurgia Apical do dente 11 e 21

Identificação:
SAM, Mulher , 36 anos, Caucasiana, Militar da GNR.
História Clínica e Anamnese
Encaminhada, em Abril de 2015, para consulta de Cirurgia Oral do HPA,
pelo colega da endodontia. Refere dor a percussão no dente 21. Dentes 11
e 21 tratados endodônticamente e reabilitados com coroas cerâmicas,
bem com espigões intra-radiculares.
Nega cirurgias prévias, alergias, nomeadamente a medicamentos,
medicação habitual ou patologia crónica.

Exame Clínico
Coroas cerâmicas dos dentes 11 e 21 e fistula junto ao freio labial.

 

Fig. 3 – Radiografia Apical -Lesão lateral a raiz do dente 21.

 

 

Exame Radiológico

Observa-se lesão radiolúcida junto à raíz do dente 21.
Dentes tratados endodônticamente e reabilitados com
coroas cerâmicas e espigões intra-radiculares. Aumento do
espaço ligamentar dos dentes 11 e 21.

 

Diagnóstico e Plano de tratamento
• Periodontite apical crónica do 21 com drenagem fistular . Endodontias do 11 e 21
insatisfatórias.
• Plano de tratamento consiste na apicectomia da raíz dos dentes 11 e 21, curetagem de
lesão apical e obturação retrógrada com Agregado de Trióxido Mineral (MTA). Técnica
cirúrgica conservadora da margem gengival por motivos estéticos.

Cirurgia realizada em Outubro de 2015
Assepsia intra-oral com clorohexidina a 0,12%. Anestesia local do tipo infiltrativa no fundo
do vestíbulo com articaína a 4%, com adrenalina 1:100.000. Incisão mucoperióssea
semilunar com lamina 15c, 2-3 mm acima da linha mucogengival. Retalho mucoperiósseo
para exposição óssea. Osteotomia com broca esférica laminada de tungsténio, montada
em peça de mão as 10milR/mim, irrigação com soro fisiológico. Exérese de lesão e
curetagem de loca cirúrgica.

Apicectomia e preparo radicular com ponta de ultra-som piezoeléctrico. Selamento
apical com MTA ProRoot® MTA Dentsply . Limpeza com soro fisiológico. Sutura do
retalho com fio de poliamida (supramid) 4/0. Após a sutura, os tecidos foram
comprimidos durante alguns minutos com a ajuda de uma gaze, embebida em
clorohexidina.

Medicação Pós-Operatória
– Amoxicilina + Acido Clavulanico 875+125 mg – 1 comp 12/12h, 8 dias.
– Etoricoxib (Exxiv) 90 mg – 1 comp / dia, 5 dias.
– Bochechos com clorexidina a 0,12% duas vezes ao dia, com duração de 1 minuto,
durante 14 dias.

Acompanhamento Pós-Operatório
Pós-operatório sem intercorrências, sem dor, mas com algum
edema. As suturas foram retiradas 7 dias depois.
Três meses após a cirurgia, foi realizada uma consulta de controlo.
Não havia sintomatologia, nem mobilidade dentária. O controlo
radiográfico mostra aumento de densidade óssea em redor do
dente 21. Seis meses depois, foi realizada nova radiografia
periapical. Verifica-se diminuição do espaço ligamentar . Os dentes
mantêm-se assintomáticos.

 

Análise Crítica e Discussão
– Está indicada a cirurgia endodôntica nos casos em que o acesso endodôntico
via coronal esteja dificultado devido à prótese fixa e espigões intraradiculares.
– A ressecção da raíz deve ser realizado o mais próximo possível de 90 graus
em relação ao eixo longitudinal do dente, para reduzir o número de túbulos
de dentina exposta e para garantir o acesso a toda a anatomia apical .
– Se possível, pelo menos 3 mm de extremidade da raíz deve ser ressecado
com uma broca rotativa (utilizando soro fisiológico) , eliminando assim a
maioria das anomalias anatómicas e/ou iatrogénicas.
– A preparação apical deve ser de 3 milímetros de profundidade, no longo eixo
do dente e incorporar toda a morfologia do espaço da polpa. Para atingir
estes objectivos de preparação da raiz, é melhor se realizado com uma ponta
de ultra-som.

– Um material biologicamente compatível deve ser utilizado, quando possível.
O agregado trióxido mineral (MTA), é o material associado a mais altas taxas de
sucesso clínico.
– Os resultados clínicos de sucesso são conseguidos quando os sintomas e os
sinais associados ao dente são eliminados. Radiologicamente, o dente tratado
deve mostrar uma largura normal do ligamento periodontal ou um ligeiro
aumento, não mais largo do que o dobro do espaço do ligamento periodontal
normal. A rarefacção peri-radicular deve ser eliminada e a lâmina dura e
padrão ósseo devem ser normais.
– Neste caso clínico, seis meses após a intervenção cirúrgica os dentes
mantêm-se assintomáticos e radiograficamente observam-se todos os sinais de
sucesso. A paciente vai ser novamente controlada, 1 ano após a cirurgia.

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