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Cirurgia Endodôntica – Cirurgia Apical do dente 21 – Exérese de Quisto

Identificação
MMD, Mulher , 52 anos, Caucasiana, Professora.

 
História Clínica e Anamnese
Paciente encaminhada pelo Médico Dentista assistente em Abril de 2015,
no Hospital Privado de Alfena, para exérese de lesão radicular do dente 21.
Queixa-se da estética dos dentes incisivos centrais superiores. Refere
traumatismo antigo no dente 21. Iniciou tratamento endodôntico com
Médico Dentista. Nega cirurgias prévias, alergias, nomeadamente a
medicamentos, medicação habitual ou patologia crónica.

Exame Clínico
Dente 21 em vestíbulo-versão, com alteração cromática. Tumefacção palpável ao
nível radicular do 21.

Exame Radiológico
Observa-se lesão apical radiolúcida do dente 21, com bordos escleróticos definidos.

Diagnóstico e Plano de tratamento
• Infecção crónica peri-apical do 21, eventualmente devido a traumatismo que terá
causado a quebra do feixe vasculo-nervoso. Diagnóstico provisório de quisto ou
granuloma radicular .
• Plano de tratamento consiste na abordagem cirúrgica da lesão apical, exérese do
eventual quisto, apicectomia e obturação retrograda com MTA.
• Optou-se pela obturação endodôntica aquando o acto cirúrgico. Tendo em conta o
diâmetro do canal e a dificuldade em obter um selamento conveniente ao nível do
ápex, opta-se pela obturação simultânea retrograda com MTA (agregado trióxido
mineral).

Procedimento Cirúrgico – Cirurgia realizada em Agosto de 2015
Assepsia intra-oral com clorexidina a 0,12% e extraoral com clorexidina a 2%. Anestesia
local do tipo infiltrativa no fundo do vestibulo com articaína a 4%, com adrenalina
1:100.000. Incisão sulcular com lamina 15c, de 12 a 22 com 2 duas descargas obliquas
(Neumann), com a preservação das papilas. Retalho mucoperiósteo para exposição
óssea.

Procedimento Cirúrgico – Cirurgia realizada em Agosto de 2015
Osteotomia com broca esférica laminada de tungsténio, montada em
peça de mão às 15mil rpm, irrigação com soro fisiológico. Exérese de
lesão quistica e curetagem de loca cirúrgica. A instrumentação e
desinfecção radicular, foi realizada antes de abrir o retalho.
Obturação radicular com cones de gutta, apicectomia e preparo
radicular com ponta de ultra-som piezoeléctrico. Selamento apical com
MTA (ProRoot® MTA Dentsply). Limpeza com soro fisiológico. Sutura
do retalho com fio de poliamida (Supramid) 4/0. Após a sutura, os
tecidos foram comprimidos durante alguns minutos com a ajuda de
uma gaze, embebida em clorohexidina.
A lesão quística foi enviada para exame histológico.

 

 

 

 

 

 

 

 

Medicação Pós-Operatória
– Amoxicilina + Acido Clavulanico 875+125 mg – 1 comp
12/12h, 8 dias.
– Etoricoxib (Exxiv) 90 mg – 1 comp / dia, 5 dias.
– Bochechos com clorexidina a 0,12% duas vezes ao dia, com
duração de 1 minuto, durante 14 dias.

Acompanhamento Pós-Operatório
Pós-operatório sem intercorrências, sem dor, mas com algum edema. As suturas foram
retiradas 7 dias depois.
O relatório anatomopatológico confirma o diagnóstico de quisto odontogénico radicular, de
origem inflamatório.
Foi recomendado um período de 3 meses de espera, para iniciar a reabilitação estética do
dente 21.
Após este período, não se verificou sintomatologia, nem mobilidade dentária. O controlo
radiográfico mostra aumento de densidade óssea em redor do dente 21. Foi autorizada a
reabilitação estética.A reabilitação estética foi realizada com duas coroas em
dissilicato de lítio.
O controlo radiográfico de Janeiro de 2016 revela
diminuição espaço do ligamento periodontal e o padrão
ósseo melhorou significativamente. Clinicamente o
dente não apresenta sintomatologia.
Mantemos a vigilância e marcamos próximo controlo 6
meses depois.

 

 

 

 

 

 

Análise Crítica e Discussão
– Está indicada a cirurgia endodôntica nos casos em que haja a necessidade de biópsia
de lesão apical como aconteceu neste caso clínico.

– A ressecção da raiz deve ser realizada o mais próximo possível de 90 graus em relação ao eixo
longitudinal do dente, para reduzir o número de túbulos de dentina exposta e para garantir o
acesso a toda a anatomia apical .
– Se possível, pelo menos 3 mm de extremidade da raiz deve ser ressecado com uma broca
rotativa (utilizando soro fisiológico) , eliminando assim a maioria das anomalias anatómicas e/ou
iatrogénicas.
-A preparação apical deve ser de 3 milímetros de profundidade, no longo eixo do dente e
incorporar toda a morfologia do espaço da polpa. Para atingir estes objectivos, a preparação da
raiz é melhor realizada com uma ponta de ultra-som.
– Um material biologicamente compatível deve ser utilizado, quando possível. O agregado
trióxido mineral (MTA), é o material associado a mais altas taxas de sucesso clínico.
– Os resultados clínicos de sucesso são conseguidos quando os sintomas e os sinais associados
ao dente são eliminados. Radiologicamente, o dente tratado deve mostrar uma largura normal
do ligamento periodontal ou um ligeiro aumento, não mais largo do que o dobro do espaço do
ligamento periodontal normal. A rarefacção peri-radicular deve ser eliminada e a lâmina dura e
padrão ósseo devem ser normais.
– Tendo em conta a dimensão da lesão inicial, e a rarefacção óssea periapical que ainda não foi
totalmente eliminada, mantemos a vigilância do paciente e marcamos controle daqui a 1 ano.

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